Papo sério

Muitas pessoas me questionam do porquê eu me esconder por traz desse blog para falar sobre as minhas angustias, medos e aflições relacionadas à minha homossexualidade. E eu as respondo que o fato de eu ser gay ou não pouco importa as pessoas. Eu quero ser reconhecida e conhecida por escrever bem, por ter uma opinião forte sobre política, por ser uma boa profissional, boa estudante, boa professora, por gostar de música boa ou mesmo por contar piadas que ninguém entende. 

Ultimamente tenho sentido uma necessidade real de dizer para todas as pessoas que eu acho importante que eu sou  gay e que isso não muda em nada o que eu sinto por elas ou o que elas sentem por mim. Sei que o caminho é árduo, que as pessoas não levam a homossexualidade como algo normal, natural e que independe de escolhas, principalmente  as da  minha família. 

Mas no último Natal tive a prova que mesmo dentro da minha família existem pessoas que pensam como eu e que estão me apoiando e me ajudando a alcançar a minha sonhada independência. Hoje recebi uma notícia da minha tia , aquela do Natal, que ela tinha conseguido um super emprego pra mim e ela disse mais "que para eu ser respeitada e aceita como lésbica dentro da família  precisaria me estabilizar e não mais depender financeiramente e emocionalmente deles." Eu precisava me libertar de todas essas amarras. Para tanto era necessário dar o primeiro passo e esse passo eu vou dar a partir da semana que vem.

Portanto queridas leitoras, infelizmente estarei por aqui com menos frequência, talvez uma ou duas vezes por semana, por conta dessa reviravolta que minha vida acabou de dar! Desde já queria agradecer a todas que sempre estão aqui presentes lendo, comentando e reagindo às minhas maluquices publicadas. Sou muito feliz de ter podido compartilhar uma boa fase da minha vida com vocês! Pra quem ainda está no armário o meu conselho:  

"Não se precipite, saiba conhecer o seu tempo, pense, avalie e busque a sua independência para aí sim poder contar de uma forma responsável para todos os que você quer bem. Se eles te amam vão te aceitar do jeito que você é! Podem até achar bonitinho como a minha tia. rsrs Busque sempre alguma pessoa mais velha para te orientar e te aconselhar da melhor forma possível. E o mais importante: VIVA TUDO QUE PUDER VIVER! SEJA INTENSA E NÃO TENHA  MEDO DE ERRAR!  Quanto mais leve você vive menos dura será a sua vida! Desejo do fundo meu coração que todas sejam felizes e que alcancem a sonhada libertação das sombras do armário!"

Um beijo a todas e até breve!

Ps. Dia 17 de fevereiro é meu aniversário. Quero vários comentários , viu?! 

PLC 122/06. É contra a esse tipo de postura que nós estamos lutando! .2

Você pensou que tinha acabado?? Aquele video só foi o primeiro do nosso querido deputado que está a 20 anos na profissão de deputado. E ai, vamos deixar que políticos como ele nos represente na câmara de deputados? Vamos deixar a intolerância ganhar espaço?

E se ele falasse assim com você e de você em rede nacional??

Quer dizer que o nosso lugar é na cadeia?? Esse cara defende uma parcela da população que não se importa em dizer que somos doentes, que temos que está na cadeia, que não somos normais. Até quando vamos ficar ouvindo isso??

E seus pais como reagiriam??

Como todo mundo que me acompanha já deve saber, eu não sou assumida porque me assumir envolve pessoas que eu amo muito, como minha mãe, que é muito conhecida não só na minha cidade, mas na região onde moramos. E meu medo é que ela não me aceite. Apesar de eu a conhecer muito, somos muito parecidas na personalidade,  não  sei como ela reagiria à novidade! rs

Esse video retrata fielmente as duas possibilidades de reação dos nossos pais.

Mas e ai?

Será que é tempo de nos arriscar??

Eu não uso cuecas!!

Vendo o filme "But I'm a cheerleader" em que uma menina é diagnosticada por seus pais e amigos como lésbica por ter todos os "sinais" homossexuais e acaba internada em uma clínica que "cura" homossexuais, rsrs. Um dos passos para ser "curado" é descobrir que fato da sua vida causou o impulsionou o desenvolvimento do comportamento homo nos pacientes. Esse passo específico me fez lembrar de um fato que aconteceu na minha vida quando eu tinha só seis aninhos que pode se enquadrar na "piada" do filme que tenta mostrar com humor a idéia que muita gente tem de que o homossexualismo pode ser desenvolvido impulsionado por alguns momentos específicos da nossa vida.

Desde pequena eu sempre gostei das coisas convencionadas como certas ou corretas, como por exemplo "cuecas são para meninos e calcinhas para meninas". E estas eram "verdades absolutas" , quase como um dogma na minha vida. Mas um dia quando eu tinha, não sei exatamente, 6 anos fui com minha vó visitar minha tia e meu primo. De tardezinha minha avó me deu banho e percebeu que tinha esquecido de levar uma calcinha extra pra mim. De repente, percebi uns olhares suspeitos entre minha tia  e minha avó,"nao tem problema, eles são crianças", devem ter pensado. Mas eu ja tinha entendido tudo. "Lá vem confusão" . E lá vem minha tia com uma cuequinha azul (Sim azul)e com um ancora na frente. rsrs.  Claro que eu logo neguei. " Mas vovó, meninas NÃO usam cuecas!!" protestei, mas ela não desistiria facil, "melhor usar uma cueca limpa do primo do que repetir a calcinha", deve ter pensado. De repente, ela vem com essa: " Amor, existem algumas meninas que usam sim cuecas" (rsrs) "Meninas igual a Angela Rorrô?", minha avó levou um susto! Rs," como é que eu sabia??" Ela era fã da Rorrô, mas não aceitava sua vida pessoal, "eu só gosto da musica!" Ela  dizia.. haha. Depois de tanta insistencia decidi usar, apesar de me sentir desconfortavel com a situação no inicio, percebi que a cueca era muito mais confortavel que a minha calcinha de babado.

Depois que usei aquela cueca minha vida nunca mais foi a mesma. Percebi que nem toda verdade é absoluta e que o "porque não?" deve sempre ser perguntado e respondido a si mesmo. E se a resposta te
agradar, entao porque não? (ah, só pra deixar claro eu não uso cuecas! rsrsrs)