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sexta-feira, 10 de junho de 2011

A hora do cansaço




As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.


Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.


Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade


.
Do sonho de eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.


Carlos Drummond de Andrade


Ps. Lembrei desse  poema hoje.....